Os bifes de Lisboa ganharam fama. Merecida, diga-se. Nas tabernas, cervejarias e carvoarias nasceram algumas obras primas da gastronomia nacional, infelizmente em desuso no panorama dos restaurantes da capital.
Um desses marcos é o famoso Bife à Marrare. Segundo o historiador Alfredo Saramago,no seu “Cozinha de Lisboa eseu termo”, «O Marrare era italiano e veio para Portugal. Abriu quatro restaurantes: O Marrare do S.Carlos,o Marrare do Cais do Sodré, o Marrare do Polimento ao Chiado e o Marrare das Sete Portas, local onde nasceu o bife. Ficava entre a Rua de S. Justa e a Rua dos Sapateiros. Abriu em 1804 e, dos quatro, foi o que mais durou, chegando à década de vinte do século XX».
Depois de umpouco de cultura geral, aqui vai a receita do Bife à Marrare:
Escolha um bife do pojadouro. Tempere o bife com sal, pimenta e alho. Deite numa frigideira manteiga de vaca e passe o bife pela mesma derretida que deve ficar alourado mas mal passado. Retire o bife e deite mais manteiga na frigideira. Assim que derreter junte sumo de limão (conforme gosto mas não deixe que o sabor se sobreponha a tudo o resto) e umas colheres de natas frescas (duas colheres bem cheias chegam).
Quando as natas, o sumo de limão e a mateiga derretida estiverem ligadas, volte a colocar o bife e depois sirva (se não gosta de bife mal passado pode, em primeiro lugar passar a gostar, pois bife de vaca deve-se comer mal passado, mas se não consegue gostar mesmo, então passe-o um pouco mais). Mais que um bife, multiplique os ingredientes (não deixando o limão dominar o prato).